10/11/2011

Igreja Católica Portuguesa pede equidade na distribuição de sacrifícios

Excertos de dois artigos para os cristãos meditarem.

Jornal Público:

«O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) e cardeal-patriarca de Lisboa pediu hoje aos políticos, empresários e sindicatos "verdade, equidade e solidariedade" na sua acção em prol da comunidade.


O cardeal patriarca admite que "a crise actual é complexa, nas suas causas, nas soluções a procurar" e por isso, explica, a equidade que se exige "não é apenas matemática", mas "supõe o discernimento para ver as implicações de cada decisão no bem comum", de forma a evitar que "se peçam sacrifícios que acabem por prejudicar o bem colectivo".


Contudo, o presidente da CEP alerta: "que ninguém atraiçoe a verdade, que ninguém se sirva do sofrimento colectivo para impor as suas verdades", realçando que "o amor à verdade não é apenas teórico, exprime-se no concreto das situações e, quanto mais dramáticas elas são, mais cuidada deve ser a sua busca".


José Policarpo defendeu que a solidariedade exige "o contributo específico de cada um e de cada grupo" e criticou aqueles que "teimam em pedir tudo ao Estado, exorcizando a própria actividade privada como manifestação inevitável do egoísmo e da busca de interesses particulares".» in Público

Artigo de opinião publicado no Mensageiro de Santo António:

«É do conhecimento de todos a escandalosa evasão fiscal. Os sucessivos governos sempre anunciam que vão tomar medidas para a combater sem nunca se terem revelado capazes de lhe pôr termo. Este descontrolo é só por si um estímulo para os prevaricadores. Escudando-se na provável impunidade, aventuram-se a novas fugas aos seus deveres. Aqueles que cumprem as suas obrigações perguntam-se até que ponto estão obrigados eticamente a cumpri-las, se aqueles que se pavoneiam com sinais exteriores de riqueza são precisamente os que menos impostos pagam. Entramos, assim, num vórtice de imoralidade social que faz tábua rasa da dimensão de cidadania.



Os cristãos deveriam ser, por isso, muito mais activos nas estruturas políticas e sociais no sentido de se criar na consciência colectiva do país uma cultura de responsabilidade no domínio do cumprimento das obrigações fiscais. Não faltam orientações doutrinais que estimulam os católicos a seguir esse caminho de fidelidade ao espírito evangélico. Na verdade, hoje há uma grande unanimidade entre os moralistas em que o cumprimento das leis fiscais constitui um dever de consciência, quando essas leis são justas, posição que está consagrada no Catecismo Universal, ao declarar moralmente ilícita a fraude fiscal (n.os 2240 e 1409).
 Cabe à nossa consciência cívica estar vigilante não só para denunciar a fraude fiscal mas também para forçar as autoridades a gerir as receitas do Estado em função do Bem Comum, com eficácia e honradez. Como dizia Pio XII, jamais o imposto pode converter-se para os poderes públicos num cómodo meio de equilibrar o défice provocado por uma governação indevida. (...) A eficácia da uma administração cuidadosa e íntegra há-de demonstrar com clareza que o sacrifício imposto corresponde a um serviço real e que produz os seus frutosin Mensageiro de Santo António

Para refletirmos bem.

Sem comentários: