O recente despacho do Governo, que classifica de imprescindível utilidade pública um terreno na zona na Amora, para onde está prevista a estrada alternativa à Regional 10, está a gerar reacções opostas. Em causa está o facto de, depois do abate ilegal de sobreiros na zona em 2004, o terreno ter ficado impedido de ser alvo de qualquer construção durante 25 anos. Para o vereador do PS, José Assis, a decisão do Governo é “acertada”, mas Carlos Morais, representante do grupo ambiental Flamingo, considera que a imprescindível utilidade pública não foi pedida em função do interesse público, mas “para avançar uma obra no terreno”, nomeadamente o hipermercado que estava previsto.
Carlos Morais entende que esta questão “ilude as pessoas, porque a estrada por si só já comporta a questão de utilidade pública”. No entanto, como “a estrada era uma contrapartida do hipermercado” que iria ser construído no local, o ambientalista considera que o presidente da câmara do Seixal, Alfredo Monteiro, está a “criar um artifício para criar utilidade pública nos terrenos onde está impedido de construir durante 25 anos”. “Há qualquer coisa de estranho” no caso, conclui. José Assis considera que o Governo não só “quis permitir a construção da via”, como “clarificar a situação, para não haver dúvidas”.
Para José Assis, “não se pode esconder a questão do hipermercado”, mas lembra que se o pedido de utilidade pública tivesse sido formulado de início “essa questão não se colocava”. No entanto, sublinha que o Governo “emendou agora esse lapso”. O vereador socialista realça que “se tem que pôr os olhos no futuro” e considera que “se está num momento económico difícil e todos os investimentos são bem-vindos”. José Assis refere que aquele é “um espaço aberto para qualquer projecto” e, lembrando o “quadro económico actual”, sublinha que o processo deve ser “revisto e repensado”, porque “não se pode ter fantasmas numa via que é estruturante”. in Setúbal na Rede
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