09/06/2009

Entrelinhas

Passadas que são mais de 48 horas, desde o conhecimento dos resultados eleitorais, no que diz respeito às últimas eleições para o Parlamento Europeu, penso estar em condições de tentar uma pequena interpretação pessoal dos resultados finais, da mesma consulta popular.

Será uma interpretação realizada do modo mais sério possível, através de várias perspectivas, tendo em conta diferentes prismas, diferentes variáveis e porventura algumas deduções e induções, que entraram no campo das probabilidades.



Bom para começar gostaria de referir que, na minha perspectiva, estas foram as primeiras eleições claramente influenciadas pelos novos meios de comunicação, nomeadamente a internet, em Portugal.
Passo a explicar. Estas foram sem sombra de dúvida as primeiras eleições que sofreram uma influência, que se caracterizou pela disponibilização de informação online através dos chamados meios de comunicação electrónicos (jornais, revistas), pelos mensagens de mail, consecutivamente reenviados com informações vitais, algumas apesar de não confirmadas, que ajudaram a formar/moldar a opinião pública.

A massificação deste instrumento, que é a internet, levou sem sombra de dúvida à possibilidade do comum dos cidadãos exprimir o seu ponto de vista, sendo também por outro lado, o trabalho das figuras públicas mais exaustivamente examinadas/"controladas".

Quem não participou em alguma sondagem online, ou baixo-assinado online? Quem não escreveu um comentário qualquer num espaço de debate em algum site de um jornal? Quem não recebeu uma mensagem electrónica a apelar ao voto em branco, ao voto de protesto? etc.

O exemplo acabado, do que acima referi, prende-se com uma mensagem, de correio electrónico, recebida e reenviada por milhões de portugueses, cujo o seu singelo texto acabava com os seguintes termos:

"Vota à esquerda, ou vota à Direita, mas não votes PS"

Foi um sucesso de marketing político, levada a efeito, de forma camuflada, que acabou por beneficiar algumas pequenas forças politicas, com um número de votos considerável.

Não se sabendo a origem de tal marketing, o maior beneficiado foi sem dúvida o BE, aquele partido que, não tendo quaisquer responsabilidades de governação, ficando assim livre para argumentar as coisas mais díspares possíveis e imaginárias. É fácil. É muito fácil assim ser oposição. Prometer impostos mais baixos, maiores remunerações, mais e maiores liberalizações a nível dos valores, liberalização e facilitação a todos os níveis do comportamento humano, e ainda tempo para defender a restrição da prisão preventiva que em conjugação com o PS que levou à aprovação de nova legislação penal, com as consequências já conhecidas.

Assim é fácil ser oposição.



Neste campo, só mais um exemplo, que corresponde a uma outra mensagem electrónica, que foi divulgada em vésperas de eleições, que se consubstanciava-se num apelo ao voto em branco, com uma mensagem falsa, prometendo mundo e fundos, mas que teve os resultados que todos conhecemos, ou seja, a duplicação dos votos em branco e nulos.





Passando à analise dos resultados propriamente dita, e atendendo às percentagens e votos obtidos, interesses, torna-se óbvio que existem dois grandes derrotados: o senhor primeiro-ministro e as empresas de sondagens.
Com a excepção de uma distinta empresa de sondagens, não houve nenhuma que conseguisse "adivinhar" o resultado final antes do fim-de-semana eleitoral.

Mais, a SIC deu-se ao ridículo de transmitir uma sondagem efectuada antes do fim-de-semana que atribuí a vitória ao PS, em eventuais eleições legislativas, sondagem essa que tem exactamente a mesma margem de vitória que essa empresa previa para o PS nas eleições europeias.



Vencedores: Durão Barroso, futuro presidente da Comissão Europeia, PSD, Paulo Rangel, Manuela Ferreira Leite, BE, CDS-PP e até a própria CDU. Mas, de uma forma muito especial, as muitas diversas "ordens profissionais", como os professores à cabeça, os polícias, os funcionários públicos, os médicos, os magistrados, os advogados, etc.

Vamos ver quem consegue aproveitar este cartão amarelo ao governo. Será que numas eleições legislativas haverá um voto de protesto nos termos em que houve nestas eleições?
A abstenção, quem saiu favorecido?

Algumas perguntas que encontrarão resposta com o decorrer do tempo.
No meu ponto de vista o PSD tem uma oportunidade única de derrotar o PS já nos próximos actos eleitorais.
Resta saber se há paciência e sapiência para tal.





Sem comentários: